domingo, setembro 24, 2006

sábado, setembro 23, 2006

ATENÇÃO_2



"Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha".
(Confúcio)



Quem se atreve a dizer que não é capaz… só porque tem medo… não acredita nas possibilidades que a vida lhe oferece!

Se pensas que não és capaz, mas ao mesmo tempo tens a capacidade da teimosia… então é quase certo que consigas aquilo que, para muitos, não passa de uma hipótese.

Se entendes que podes aproveitar todas as possibilidades que te surgem e com elas fazer um crescimento saudável e razoável… então podes dizer que estás a crescer!

Se visualizas nos outros as possibilidades de vida que tiveram e que não aproveitaram… podes muito bem valorizar mais aquelas que tens, actualmente!

Se acreditas que os outros são a base da sociedade e com eles queres aprender a conhecer-te e a realizar-te… então aceitas o valor da diferença e da complementaridade - estás no bom caminho!

Se admites que podes fazer uma montanha… então porque é que andas a fazer vales e montes?
….

Vamos criar laços…

Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

sexta-feira, setembro 22, 2006

SUDDENLY I SEE...


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ATENÇÃO_1




VÊ...OUVE... OU VIVE...
Bonito não acham?!


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Para saborear...

domingo, setembro 03, 2006

O Pe. URBINO



DesmAMAR! = (Diz-me AMAR)


O Pe. Urbino,
Como Pastor, Por amor,
“Desmamou-me”, sem me conhecer de lado nenhum!

-“Pe. Urbino, não se importa que fale um pouco de si?”
- “Importo, pois!”

Fazia anos nesse dia que a mãe do Pe. Urbino tinha sido mãe pela primeira vez. Nesse dia o filho foi visitar a mãe, acompanhado de dois novos colaboradores que pelo aspecto pareciam tudo, menos padres. No quintal da irmã do Pe. Urbino, em Calvão, fomos descobrir a mãe nas lides da lavoura. “Então velha, como estás?” – referiu-se assim à mãe, por ser mais vivida, com carinho, que amava. - “Venho apresentar-lhe os meus novos ajudantes.” “Pois sim” – retorquiu a mãe desembaraçada. Passado algum tempo, pouco, disse-lhe a mãe, não fosse a conversa encravar: “Mais dois para desmamares!?” O riso rompeu-nos as faces. Não éramos os primeiros!

Este breve episódio foi o início de muitos que tive oportunidade de viver com o Sr. Prior, um pai, um amigo. Serve, também, de prólogo para prestar o meu humilde tributo a um homem que me marcou profundamente, através da sua amizade, do seu testemunho – como homem e como padre – da sua inteligência, delicadeza e bondade.

Desmamar gente para o serviço da Igreja! Pensais, por acaso, que é fácil? Não! É preciso muita paciência! É sobre esta importante faceta que vos irei falar do Sr. Prior. Penso, que ainda nada foi escrito sobre ela e pouco o chegará a ser. As palavras cessam, contudo o amor encarna e perpétua a memória. Só agora, passados todos estes anos, sete, ouso pintar pequenos traços que me marcaram e vincaram a existência.

Foi com o Pe. Urbino que fiz a purificação de 14 longos anos de seminário, cheios de pó, peneiras e teorias.

Com ele aprendi as pessoas, as relações, as reuniões, os encontros, os marginalizados, as missas, as crianças, as celebrações, os jovens, os padres, os adolescentes, os idosos e doentes das casas e do lar, as obras, as mães abandonadas com filhos e sem telha, o cartório, os pecados, a confissão. Aprendi que o melhor testemunho que podemos dar de Deus e da Sua Palavra está nas atitudes que tomamos com os outros e o que deles dizemos, na sua ausência.

Aprendi as reuniões das sextas-feiras, onde preparávamos a semana seguinte, avaliávamos os trabalhos realizados e desenhávamos novos projectos. Nenhuma decisão passava para a paróquia sem antes o Sr. Prior nos consultar, e vice-versa. Éramos importantes, sem o sermos.

Aprendi a escutar os outros antes de assumir decisões importantes e a comungar das decisões tomadas, por muito que às vezes não concordasse. Éramos uma equipa, com camisola amarela.

Aprendi a partilha económica. O dinheiro ganho por cada um era partilhado por todos, depois de pagas as despesas. Muito, ou pouco tinha que dar, até para as ciganas.

Aprendi o acolhimento. Poucas eram as noites sem trabalhos! No entanto, o Pe. Urbino raramente se ia deitar sem antes falar connosco e perguntar se tudo tinha corrido bem, como uma mãe! Sem contar, lembro-me da primeira reunião que fiz com os pais. Pensava que iria encontrar algumas pessoas e encontrei centenas de algumas. Enformei-me. Quando tínhamos uma noite livre conversávamos até tarde. Qualquer que fosse o mote da conversa existia sempre clareza nas suas afirmações e ideias. Era um homem com uma invulgar capacidade de afirmação e cultura, escudando sempre a sua tese.

Aprendi a acordar! Relembro as vezes que me acordava a tocar-me nos pés e eu de maroto, já desperto, ouvia a sua voz meiga. Lembro as vezes que o acordava, com o som alto da aparelhagem, para ir leccionar ou rezar a missa das 7:00h, às quintas-feiras – o seu dia de folga.

Aprendi a amizade! Uma vez por ano convidava todos os padres que tinham passado por Ílhavo, para um cerimonial gastronómico. A matança do porco, era uma ocasião única e institucionalizada para criar laços e reviver memórias. Sentia a sua tristeza quando algum faltava à chamada, que sempre desculpava com um sorriso. Para ele os padres eram tudo. Falava dos que o formaram, com carinho, apesar dos castigos engolidos. Com ele comecei a perdoar os erros dos meus perfeitos. Os padres do Arciprestado e da Diocese, podiam contar sempre com ele. O bispo tinha nele um confidente e um amigo. Nunca, mas nunca nos revelou o que quer que fosse das reuniões episcopais, apesar das nossas preces.

Aprendi a bondade e a humildade! Era muito amável e próximo. Nunca deixava por resolver o mais pequeno problema. As suas palavras e os seus conselhos eram como água fresca, em tarde de Verão. As filas para o cartório, às quartas-feiras e sábados, comprovavam isso. Nunca elogiava directamente alguém, embora o fizesse à parte do visado. Os outros eram sempre melhores.

Aprendi a viver em família. Amava os seus, sem nunca esquecer as suas ovelhas. Na noite de consoada ia sempre jantar com as suas causas – as crianças, os velhinhos, as mães solteiras.
Sofria de baixinho. Estava sempre bem. Nunca se queixava do que quer que fosse. Sempre atento ao sofrimento dos outros, socorria a todos, apesar das muitas solicitações. Pouco antes da sua partida para a casa do Pai deixou transparecer uma ténue dor através da sua voz que nunca o traiu.

Escrevo estes apontamentos passados onze anos, no dia do seu aniversário, que celebro.
Um homem que se deu por amor. Sempre por amor! Estou certo que todos os que passaram por Ílhavo sentem o apelo de continuarem esta senda. Como padres, ou leigos, todos crescemos e ajudámos a crescer o Sr. Prior, que de pequeno só tinha os sapatos, que gostava de comparar com uns que existiam num museu qualquer e que tinham pertencido a um bispo, já esquecido.
Um homem com um coração tão grande que nos mostrava e dava a conhecer o Coração de Deus.
Obrigado por tudo Padre!
-“Não tem de quê!” Então e como estás tu? – Começava, sempre assim a sondar-nos o coração!
Foi com ele que me abri e descobri a felicidade!
Aprendi a verdade e o respeito! Aprendi a saber Amar.
Com ele aprendi a caminhar para a santidade!
Entendi o que é ser santo!
-“Obrigado por te importares comigo!”


Carlos Reis