terça-feira, maio 30, 2006

QUERO SER LIVRE!


“DEIXA O CAVALO SOLTO... SE VOLTAR ELE É TEU, SE NÃO VOLTAR, NUNCA FOI TEU.”

(Autor desconhecido)

Este é com certeza o maior grito jamais ouvido na juventude!
QUERO SER LIVRE!
E quero ser livre porque sou gente. Gente que quer ser aquilo que sonha querer! Gente que pensa ser aquilo que nunca foi, mas que deseja ardentemente ser… Ser aquilo que dê gozo, saúde, harmonia, dinheiro, paz, tranquilidade, independência, e tantas e tantas coisas que sonha querer ser como elas… todas juntas e como elas, livre! Mas o que é isso de ser livre? - pergunta alguém. Será fazer tudo o que me apetece ou será um sonho bom que por muito que tente nunca consigo realizar… onde tudo é permitido e onde o proibido é possível e apetecido?
Na demanda da liberdade os jovens são irreverentes, anti-sociais, enérgicos, justos, verdadeiros, lutadores, grevistas, capazes de mudar o mundo por causa de uma verdade que para o resto do mundo não passa de uma hipótese. Certo é que devemos atender a este seu crescimento em sociedade. Justo é nós adultos conseguirmos verter nos jovens aquilo que outros anteriormente depositaram em nós… valores, regras, capacidades, formas de vida. Mas pergunta de novo alguém - “assim não, assim não há liberdade?” E é aqui que se coloca e centra o problema. Damos aos jovens aquilo que precisam para viver… roupa, comida, formação, e porque não dizer algum dinheirito para ir cultivando algum vício ou virtude, mas não lhes damos os porquês? A razão de ser das coisas. Porquê? As directrizes que emanamos são ditatoriais e nunca feitas na base da proposta. Se não fazem ou se não entendem os porquês, impomo-nos fazendo prevalecer o nosso modo de ver. E PORQUÊ? - responde de novo alguém? Porque é que eu tenho agora de fazer isso? E voltamos nós, de novo, aos gritos do Ipiranga…
Entender a Liberdade é um exercício de Responsabilidade. A responsabilidade significa a capacidade que eu tenho em dar uma resposta positiva ou negativa perante determinada proposta que tenho ou me fazem. Se de facto sou livre, sou automaticamente responsável, porque capaz de dizer sim ou não e não há volta a dar. Se nunca for capaz de responder pelos meus actos e palavras, então nunca serei livre e nunca entenderei a maravilhosa fase da vida em que podemos crescer e melhorar um pouco mais o mundo - a juventude. Ser obrigado a fazer alguma coisa, pode ter o resultado de criar hábitos, mas obrigar alguém e nunca dizer o porquê dessa ordem leva o ser humano a perder a sua autonomia e dignidade. O Homem torna-se escravo. Por isso ser livre é muito bom e dizer que se é responsável é dizer sim à liberdade. Se digo sim à liberdade digo sim à sociedade e digo sim ao Outro, porque o respeito tal como ele. No trilho da nossa existência podemos encontrar muitos caminhos. Importa seguir por aquele que nos dá mais liberdade mas não esqueças que este é o que traz sempre mais responsabilidade.
Boa aventura!

Vamos criar laços…
E já agora... vive de modo que possas dizer que és livre!...

Carlos Reis

segunda-feira, maio 29, 2006

A PEÇA HUMANA...



É MAIS FÁCIL CONSTRUIR UM MENINO DO QUE CONSERTAR UM HOMEM".

(Charles Chick Govin)


Podemos utilizar este pensamento ou aquele que se refere ao menino pequenino que, como o pepino, é moldado. No entanto, prefiro este que de uma maneira geral apresenta o Homem na sua condição de ser em crescimento e evolução, capaz de se completar e de se comprometer, em sociedade, com os outros.
Confesso que acredito sempre nas pessoas. Considero-as sempre capazes de se transformarem. Sim esta ideia acalma-me sempre que comparo um homem a um objecto. O objecto se não serve ponho-o fora, enquanto o Homem tem que se preservar. E é aqui que reside a fundamentação da nossa dignidade enquanto seres humanos, da ética, da moral.
Não posso, embora às vezes apeteça, pensar que aquele jovem ou adulto, porque tem determinado tipo de comportamento não merece mais a minha confiança, nem a minha consideração. Pensar assim fazia-me um mero avaliador de peças, de objectos. Se não presta põe-se fora…
Não… Não podemos julgar… não podemos avaliar alguém que é igual a nós… só porque não teve a nossa sorte, porque não teve ninguém que fosse capaz de se interessar por ele. Pois, porque quando eu me interesso por uma “coisa”, ela torna-se valiosa para mim… porque lhe dou atenção… lhe dou tempo… lhe dou algo de mim… transmito-lhe confiança… capacidade para tentar gostar um pouco mais dela. E se faço isto com os objectos, com as “coisas”…, porque não fazê-lo com as pessoas? … Com aqueles que são iguais a mim? … Ou serei mais valorizado se não lhes der importância? Será que isso faz de mim um ser melhor?... Não. Pelo contrário. Quando ajo assim coloco-me em situação de desigualdade para com alguém que é nada mais, nada menos que igual a mim… um ser humano.
Construir um menino… significa termos a capacidade de nos darmos ao outro como se ele fosse uma criança, capaz de receber de nós valores e exemplos de vida capazes de dignificar a sociedade.
Consertar um homem… é sermos capazes de perdoar e de dar sempre mais uma oportunidade.
Se me perguntarem qual é mais fácil eu irei sempre responder…. -“Ambas são difíceis, porque são necessárias”.

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

NOVO ANO!


“O BEM QUE FIZEMOS NA VÉSPERA É O QUE NOS TRAZ A FELICIDADE PELA MANHÃ.”

(Provérbio hindu)

Vira o disco e o som é o mesmo? Todos os anos a tradição repete-se. Depois do Natal, vem o dia 31 de Dezembro e com ele o dia 1 de Janeiro. Um novo ano espreita e com ele desejos e esperanças de um futuro melhor.
Queremos festejar a alegria. Propomos brindes e pedimos desejos. Vestimo-nos de ritos e modas para que as coisas resultem melhor e sentamo-nos à espera delas durante todo o ano. No fim pensamos no porquê da demora! Depois será que fazemos um exame de consciência para apurarmos os porquês de tantos infortúnios?
Não é preciso muita magia para entender a arte de viver. O valor central das relações humanas está no dar. Se dou com amor aquilo que de bom tenho e de bem posso fazer, certo é que essas pequenas dádivas se tornarão em importantes alegrias, para todos. A felicidade torna-se realidade.
Há poucos dias ouvi falar no Banco do Tempo. Sabem o que é? O Banco de Tempo funciona como um banco mas com tempo e não com dinheiro. Deposita-se, dá-se, tempo ou disponibilidade para prestar um conjunto de tarefas (aquilo que de melhor sei fazer), medidas em unidades de tempo - horas, minutos - que é levantado, recebido, sob as mais diferentes formas, quando necessário. Depois posso procurar(levantar) o que preciso e dar(depositar) o bom e o bem que tenho. Deste modo, torno o meu tempo útil para os outros, porque lhes dou o melhor que sei fazer e posso sempre receber aquilo que me falta ou não sei fazer. O Banco de Tempo assenta na gestão do tempo, sob a forma de troca, aumentando a qualidade de vida, revitalizando e reorganizando a tradição da solidariedade social.
Pensa nisto e quem sabe se não podiamos abrir um Banco do Tempo. Que tal?

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

domingo, maio 28, 2006

O ALQUIMISTA...


“FOI O TEMPO QUE DEDICASTE À TUA ROSA QUE FEZ TUA ROSA TÃO IMPORTANTE".

(Saint-Exupéry, em O Principezinho)

O Homem, esse grande sonhador, criou no seu imaginário e viveu, a figura do alquimista. Este era, há muito tempo atrás, na Idade Média, aquele que procurava entender os segredos da Alquimia - a procura da panaceia (planta imaginária que tinha a virtude de curar todas as doenças) e da pedra filosofal (substância capaz de transformar qualquer espécie de metal em ouro).
Passados tantos anos… o sonho continua. O Homem continua a procurar a saúde, o poder e a riqueza eternas. Continuamos a tentar encontrar a forma de nos perpetuarmos, no tempo e no espaço, da melhor maneira possível. Somos assim, alquimistas… da natureza e do coração. Da natureza, porque tentamos transformá-la até que ela nos dê tudo o que necessitamos… , às vezes sem pensarmos nas consequências. Do coração, porque desesperadamente tentamos encontrar a felicidade e o Amor. E as trocas e baldrocas que damos para o conseguir conquistar… para o darmos… para nos darmos e sermos amados! No fundo somos seres à procura da perfeição e só nos completamos quando encontramos alguém que nos preencha totalmente. Por falar nisto, lembro-me de um conto que li, que tinha a ver com a queda de um anjo, o qual queria muito ver como era a realidade da terra. Como consequência perdeu uma asa para realizar o seu sonho… só que a realidade era muito diferente da que até então imaginara… e sonhava de novo voar e voltar para o céu. Este desejo só foi conseguido quando encontrou outro anjo que como ele, também, tinha só uma asa. Abraçaram-se e como se completaram conseguiram voar, de novo.
Encontrar assim alguém que nos complete e nos faça voar é o destino de qualquer homem e mulher. Só assim nos podemos transformar, com o amor, a vida e o que nos rodeia. Como alquimistas podemos transformar a realidade com o tempo lhe dedicamos. Pode ser uma rosa, um homem, uma mulher, um projecto… Podemos voar em sonhos… ou na realidade presente. Podemos transformar as mais pequenas coisas em preciosidades, basta querer.

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

O PINÓQUIO!


“A TUA ÚNICA OBRIGAÇÃO DURANTE TODA A TUA
EXISTÊNCIA É SERES VERDADEIRO PARA CONTIGO PRÓPRIO.”


(Richard Bach)


Ainda, à pouco tempo, tive a felicidade de ser, novamente, papá.
Já o era de um menino de dois anos e dez meses. E é com ele que quero partilhar, convosco, esta reflexão.
Por vezes, os pequeninos fazem pensar os grandes, porque verdades pequeninas são “grandes verdades”.
Tudo começou com a observação do nariz da irmã. Estávamos, na sala, a ver televisão e ele perguntou-me:
- Papá, porque é que a manita tem o nariz pequenino?
Respondi, que era pequenino, porque ela ainda era pequenina.
- Então é como o Pinóquio Papá? - Rematou!
O quê? - Respondi? Ele continuou… o Pinóquio tinha o nariz pequenino… mas quando cresceu o nariz também cresceu, não foi papá? Aqui a coisa complicou-se… pois explicar que o nariz só crescia quando o Pinóquio mentia… decifrar o que é isso da verdade e da mentira… Comentar isto já era mais complicado. Pouco tempo depois disse-lhe que sim, para encerrar a questão. No entanto, este episódio fez-me pensar na nossa natureza e na nossa realidade que é tanto mais pura, quanto mais pequenos somos .

De facto, por vezes, assemelhamo-nos ao Pinóquio… que vai crescendo para a maturidade e descobre novos mundos, onde pode ser o que quer… no entanto a descoberta da verdade encerra em si mesma um caminho de liberdade e responsabilidade que ele ainda não tinha conhecido. O caminho mais fácil, que seguiu, foi a mentira. Porque mentiu, tornou-se num menino mau… que para ser bom, teria que renunciar à mentira e tornar a ser verdadeiro… Ele consegui! Tornou-se um menino de verdade! Deixou de ser oco como os troncos velhos das árvores… Tornou-se num ser humano!

Proponho que deixemos as crianças serem verdadeiras, ao seu estilo, do seu modo, sem lhes retirarmos a magia da verdade e da honestidade… elas podem não entender os significados rebuscados que damos às coisas, mas não deixarão nunca de dizer o que pensam e o que sentem… por palavras ou por gestos. Deixemos de lhes puxar o nariz. Ele crescerá a seu tempo, adubado com o tom que dermos à verdade.


Hoje, ninguém quer ser criança… e porque não? Independentemente da idade que tenhas, se tiveres um coração de criança, então estás bem, estás no caminho da Humanidade.

Vamos criar laços… e lembra-te que “A tua única obrigação é seres verdadeiro para contigo próprio”.

Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

A LIBERDADE!!!


“LIBERDADE SIGNIFICA RESPONSABILIDADE. É POR ISSO QUE
TANTA GENTE TEM MEDO DELA”.

(George Bernard Shaw)

Geralmente já poucos pensam nesta palavra. Os tempos são outros… não existem condicionalismos sociais que proporcionem e engrandeçam o significado da palavra… a vida é relativamente fácil, dizem os antigos comparando os tempos… são muitas as novas formas de pensar e opinar… a palavra liberdade aquietou-se e dela recordamos, entre outras, algumas conjecturas sociais recentes, como o 25 de Abril e os tempos da ditadura.

Hoje, entender a liberdade representa uma audaciosa capacidade de perceber o outro. É com o outro que construo a sociedade e descubro quem sou. Só com o outro eu posso entender a liberdade. Sozinho, não comunico, não partilho, não me relaciono, nada sou.

A liberdade é uma palavra activa, capaz de significar muitas coisas (de consciência… individual… poética… de expressão…) e uma só… Significa a aptidão em fazer algo (agir) sem impedimento. No entanto, esta capacidade só poderá ser, de facto, praticável se no fundo eu tiver a habilidade de olhar para o outro. Este dilema adquire novo significado. Chamamos-lhe responsabilidade (capacidade de responder por si… de dar uma resposta…).

Então ser livre, ter liberdade está, também, relacionado com responsabilidade? Sim, pois só agindo de modo livre (sem impedimentos) e responsável (de maneira consciente) é que eu cresço e ajudo os outros a crescerem como seres humanos. A minha liberdade enquanto ser humano é um direito que faz parte da minha dignidade, de mim. Ninguém me vendeu a liberdade… ela nasce e vive comigo. Por isso digo que a minha liberdade acaba quando começa a do outro… não que o outro seja impedimento da minha liberdade, senão que eu tenho que respeitar, também, essa sua dignidade que é igual à minha.

Compreender a liberdade resulta então numa tarefa existencial, em que cada acto e cada palavra transformam o HOMEM.
Sim! Não tenhas medo dela…

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis

O 3º PERÍODO…!




“A MAIOR RECOMPENSA DO NOSSO TRABALHO NÃO É O QUE NOS PAGAM POR ELE, MAS AQUILO EM QUE ELE NOS TRANSFORMA.”


(John Ruskin)

Já muitos lutam, mais uma vez, pela pole position. São os chamados mínimos olímpicos que muitos precisam para passar de ano… e com eles a necessidade imperiosa de justificar mais um ano das suas vidas… a estudar… a trabalhar, sim que o estudo, também, é trabalho, meus amigos.
Recordo com alegria os 3ºs períodos, no meu tempo de estudante. Eles vinham sempre acompanhados da Primavera, da alegria, do sol, da mudança que a natureza operava, na mente e no coração. Eram tempos difíceis, mas que traziam uma alegria e uma calma sem comparação. Lembro uma aposta que os nossos professores nos fizeram, a qual consistia em irmos de férias para o Algarve durante uma semana se nenhum da turma tivesse negativas… conseguimos… foi espectacular.
Ainda hoje utilizamos incentivos. Os pais prometem aos filhos muitas coisas para eles passarem de ano. Pergunto se é necessário fazermos este jogo… Por acaso, também, prometem aos pais coisas para fazerem as suas obrigações?
O estudo deverá ser visto como um meio necessário ao crescimento de cada um. É o trabalho que nos dão enquanto “não podemos trabalhar”. E este tempo deve ser aproveitado ao máximo… pois se agora nos dão tantas coisas… um dia teremos que retribuir. É o tempo em que nos podemos transformar, para um dia, também, inovar a sociedade.
Por isso, a maior recompensa que podemos tirar do nosso trabalho, enquanto estudantes ou operários, não é o que outros nos dão, mas o que eu dou.

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!
Carlos Reis

FAZEMOS AMOR?!


“O AMOR É UMA ACTIVIDADE, NÃO UM AFECTO PASSIVO; É UM ACTO DE FIRMEZA, NÃO DE FRAQUEZA...É PROPRIAMENTE DAR, E NÃO RECEBER”.

(Erich Fromm)

É absolutamente extraordinário este pensamento… É de uma delicadeza e saber impar, como já há muito não lia e meditava. Falar do Amor… não é nada fácil… tanto mais que a palavra AMOR já encontrou tantos conceitos e realizações.
Já alguém viu o Amor ou o fotografou? Já alguém o mediu ou pesou? Já alguém o sentiu ou experimentou? Certamente que aqui muitos de vós responderam SIM…
Acredito, porque eu também.

O amor é um sentimento que brota do apreço que cada um tem por si próprio. Sim… não acredito, que alguém ouse gostar de outro sem gostar primeiro de si. O amor é também um sentimento que brota da relação que eu tenho por uma ou mais pessoas. Posso dizer - “Eu amo-te…”, quando me dirijo à minha esposa, ou aos meus filhos, no entanto são diferentes dimensões da palavra AMOR. O amor conjugal e o amor filial… o amor paternal/maternal e o amor fraterno… o amor a uma causa/projecto ou o amor a um objecto… o amor ao trabalho ou a uma instituição...

Na existência de cada um, o amor assume a maior e mais clara expressão da nossa sexualidade (a sexualidade humana é uma parte fundamental da nossa personalidade. É um modo de ser, de me manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano). É aquilo que me define como ser humano que sou…. Ouvimos e dizemos muitas vezes a expressão “Fazer Amor”… e fazemos amor quando nos gestos, palavras, actos e emoções mostramos aos outros quem somos e porque somos. Por isso, é tão importante fazer amor, com liberdade e responsabilidade…

Se entendo que na minha vida o Amor será sempre dar - isto porque não é um acto egoísta - então entendo, definitivamente, que o Amor é o melhor que há em mim e que eu dou aos outros.

POR ISSO, O AMOR É UM ACTO FIRME E GENEROSO.

Vamos criar laços…
Vemo-nos por aí. Um abraço!!!

Carlos Reis